Esperança na América



No próximo dia 20 de janeiro, assumirá como presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, o primeiro presidente negro daquele país. Filho de um pai queniano negro e de uma americana branca, o novo presidente possui uma trajetória de vida instigante. Viveu parte de sua infância no Havaí e outra parte no Quênia. Através de muito esforço e abdicações pessoais foi admitido na mais prestigiada faculdade de direito norte-americana, a célebre Harvard Law School, onde se formou. Lá se tornou o primeiro negro a presidir a mais conhecida revista de direito americana, a Harvard Law Review. Foi professor na Universidade de Chicago de direito constitucional por dez anos o que, por si só, é um alento em relação a George W. Bush: Obama conhece bem a obra dos “Fundadores” do Estado Americano, notadamente, a Declaração de Virgínia, os documentos federalistas e a Constituição de 1787.

Obama possui uma história de vida pública, seja na Câmara Legislativa do Estado de Illinois, seja no alto da colina do Capitólio, no Senado Americano, marcada por uma postura altiva em defesa dos direitos civis, da legislação ambiental, da separação do Estado e da Igreja – a secularização - e contra o liberalismo exacerbado da “era Reagan”. É de se lembrar a firme oposição de Obama na tribuna do Senado à guerra contra o Iraque. Desde Kennedy o povo americano jamais depositou tantas esperanças e anseios em um líder democrata como agora faz com Obama.

Os desafios são imensos a começar pela regulação da emissão de gases de efeito estufa, observando-se que os Estados Unidos não assinou o Pacto de Kyoto, e que o aquecimento global é uma realidade que ameaça às presentes e futuras gerações. A política militar americana no Iraque e no Afeganistão fará também parte da agenda do presidente. Será também um desafio de cunho moral para Obama o enfrentamento da questão do tratamento desumano a que vêm sendo submetidos os prisioneiros de guerra detidos na base militar americana de Guantánamo, em Cuba. A comunidade internacional também aguarda uma definição política em relação ao embargo econômico a Cuba, uma vez que o povo cubano não tem culpa e, tampouco, está condenado a sofrer às conseqüências da linha política governamental adotada por seu governo ditatorial. Isso para não falar na tsunami que atingiu o mercado financeiro internacional que faz o mais radical dos neoliberais lembrar-se com carinho da política do New Deal. Obama sabe disso...

Enfim: God Bless America!

Gabriel Wedy
Juiz Federal



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